Todos nós já ouvimos histórias sobre os provedores nacionais e internacionais estarem agindo ativamente no sentido de diminuir a velocidade de conexão contratada. Em alguns casos, é possível até sentir a diferença ao navegar, assistir filmes online ou fazer downloads. Pacotes comercializados por alguns provedores anunciam, nos próprios contratos de serviço, diminuições progressivas conforme o usuário baixa conteúdos ao longo da franquia.
Mas como verificar se o seu provedor está de fato boicotando a sua velocidade? A pergunta é difícil de responder, mas aqui vão alguns métodos para averiguar seu tráfego de informações:
1) Limitação da Largura de Banda:
Como dito acima, alguns dos provedores nacionais anunciam a limitação da largura da banda como parte do pacote contratado. Mas nem sempre isso está muito claro quando escolhemos o serviço que vamos adquirir para nossas casas e empresas.
O site SpeedTest oferece gratuitamente a medição online da velocidade da sua conexão para download e também para upload. Basta entrar no site e clicar no botão “Já” e o teste se inicia automaticamente, trazendo os resultados em apenas alguns segundos. Veja um exemplo:
Esses resultados foram obtidos testando uma máquina conectada por cabo. O plano contratado junto à provedora é de 30 Mbps e podemos observar que a velocidade contratada realmente é a velocidade real entregue pelo provedor.
Entretanto, realizando o mesmo teste através da mesma máquina, porém com a conexão exclusivamente por wi-fi, os resultados são bastante diferentes:
Perceba que a velocidade de download caiu para quase a metade do que foi contratado na ausência do cabo. Já o ping, relacionado à latência da conexão, subiu de 18 ms para 99 ms. O valor referente ao ping deve ser o mais baixo possível para uma latência que não resulte, por exemplo, em lag durante jogos online. Já a velocidade de upload permaneceu praticamente inalterada.
Caso você esteja em dúvida se seu provedor de acesso à internet tem tomado ações para diminuir a largura da sua banda, realize esses testes no início da sua franquia e então repita-os ao final do período de franquia contratado. Se os resultados destoarem demais um do outro, entre em contato com o serviço de atendimento do provedor e questione a política deles.
2) Diminuição da qualidade da exibição de vídeos
A Netflix criou o Netflix FAST Speed Test justamente para que os seus clientes possam testar se seus provedores de internet estão diminuindo suas velocidades de conexão para o streaming de vídeos.
O resultado de 30 Mbps foi obtido através da mesma máquina que foi testada com o SpeedTest nos parágrafos anteriores. Os resultados são compatíveis com os resultados mostrados pelo SpeedTest e estão, também, de acordo com o pacote de banda contratado junto ao provedor, de exatos 30 Mbps.
O Netflix FAST Speed Test também é passível de diferenças quando medido em uma máquina que esteja conectada exclusivamente por wi-fi. Entretanto, os resultados ainda são bastante compatíveis com os demonstrados anteriormente pelo SpeedTest.
Se houver uma grande diferença entre os resultados do SpeedTest e do Netflix FAST, é provável que seu provedor esteja diminuindo sua velocidade de conexão.
3) Rapidez para baixar arquivos BitTorrent
Esse teste se tornou um pouco mais complicado de executar após o Glasnost, teste que oferecia estatísticas detalhadas sobre a movimentação de dados ao baixar arquivos BitTorrent, foi descontinuado em 2012.
Entretanto, ainda é possível monitorar a possibilidade de seu provedor de internet estar diminuindo a velocidade da sua conexão através dos dados obtidos no download de BitTorrents. Como não há um teste de velocidade automático disponível, algum trabalho vai ser necessário para que você obtenha os dados que precisa.
A ideia aqui é baixar um arquivo no início da sua franquia e anotar o tempo que o download leva. Depois, ao final do período da sua franquia, baixar o mesmo arquivo novamente e comparar as duas performances. A segunda experiência durou muito mais tempo que a primeira? É sinal de que seu provedor de internet está trollando você e diminuindo sua velocidade ao longo da franquia.
Mas tome muito cuidado ao escolher o arquivo torrent correto para realizar o teste: arquivos com poucos seeds vão apresentar resultados variáveis, fazendo você odiar seu provedor de internet sem a certeza de que o problema é diminuição da velocidade ao longo da franquia. Arquivos muito pequenos farão com que as diferenças apresentadas sejam mínimas, fáceis de passar despercebidas. Também é recomendável utilizar o mesmo programa para baixar os arquivos.
O ideal é baixar um arquivo grande e com muitos seeds. E, claro, que seja um conteúdo legal no seu país. Para atender a todas essas demandas, sugerimos o uso do arquivo do Ubuntu, que pode ser baixado por BitTorrent aqui.
4) Atenção às diferenças entre unidades de medida
É importante deixar claro, antes de colocar fogo no seu provedor de internet, que os planos de internet podem ser vendidos em duas unidades de banda diferentes: Megabits por segundo (Mbps) ou MegaBytes por segundo (MBps, com B maiúsculo). Um único Byte equivale a 8 bits, portanto o Megabit é oito vezes menor que o MegaByte! Logo, as operadoras preferem anunciar seus pacotes utilizando o pequeno bit como unidade, pois o número acaba parecendo muito maior.
Já o seu navegador, que não se importa em maquiar números para parecer mais atrativo aos consumidores, conta a taxa de download em Bytes, o que mostra uma velocidade aparentemente menor.
Por exemplo: Se o seu pacote de internet é de 10 Megabits por segundo (Mbps), a velocidade máxima que seu navegador irá mostrar é de 1,25 MegaBytes por segundo (MBps). Dez divido por oito.
Isso não significa que você está sendo roubado. É como se você comprasse mil metros de barbante e recebesse “só” um quilômetro. Entretanto, essa diferença de unidades de medida pode causar uma grande confusão. É daí, inclusive, que vem o rumor de que os provedores de internet brasileiros são legalmente permitidos entregarem apenas 10% da velocidade contratada (Na verdade seria 12,5%, mas boatos são apenas boatos, e não vêm com precisão matemática).
Em função de reclamações acerca da permissividade excessiva que a ANATEL dá aos provedores de internet brasileiros para apresentarem ao público um serviço caro e de pouca qualidade, a agência reguladora publicou a Resolução nº 574, de 28 de outubro de 2011, que rege sobre como os provedores devem oferecer o serviço de internet ao público brasileiro e define as sanções cabíveis caso as empresas não sigam a regulação.
Entretanto, em 2016, duas das três empresas com mais reclamações no PROCON de São Paulo atuam na área de fornecimento de internet, a Claro/Net/Embratel e a Vivo/Telefônica.